Foto: Vinicius Becker (Diário)
Setores da indústria e do agronegócio reagiram a confirmação das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos aos produtos importados do Brasil. A medida começa a valer na próxima quarta-feira (6). Lista divulgada pelo governo americano deixa de fora da cobrança cerca de 700 produtos. É o caso do suco de laranja, castanhas, ferro, aço, carvão, petróleo, madeira, papel, peças e aeronaves. Mas café, frutas, carnes e pescados não escaparam. Em visita a Santa Maria nesta quinta-feira (31), no evento Rota da Indústria – Região Central, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o presidente da entidade, Claudio Bier, falou sobre essa decisão:
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– Eu sou um homem muito otimista. Eu tinha uma esperança que o Trump iria prorrogar isso por 90 dias ou fazer uma negociação que fosse melhor para o Brasil. Mas infelizmente, para o Rio Grande do Sul, essa taxação foi desastrosa. Do que nós exportamos, só 14,9% tiveram benefícios, e desse percentual, uma grande parte são celuloses, que não seriam prejudicadas.
Além disso, Bier afirmou que a Fiergs comandará um comitê de crise para pleitear recursos junto ao governo para amenizar a situação:
– Quando você exporta, fica com o ICM retido, fica armazenado na tua contabilidade. Por isso, com o governo federal, vamos pedir as mesmas medidas tomadas na época das enchentes, como exoneração da folha e outros impostos federais que possam nos ajudar.
Reação das demais entidades
Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil, as exceções representam 43% dos produtos exportados pelo Brasil, o correspondente a US$ 42 bilhões. A entidade, inclusive, manifestou preocupação com o tarifaço e defendeu o diálogo, porque fragiliza as relações econômicas e comerciais entre os dois países e afeta a competitividade. A Confederação Nacional da Indústria classificou que o momento exige negociação e não retaliação. Alertou ainda que a sobretaxa penaliza de forma significativa a indústria nacional, com impactos diretos sobre a competitividade.
Já a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes avaliou que a carga tributária total vai ultrapassar 76%, comprometendo a viabilidade econômica das exportações. O Conselho dos Exportadores de Café afirmou que continuará negociando para evitar a taxação do café, que responde por 16% das exportações brasileiras e representa mais de 30% do mercado norte-americano.
Para a Associação Brasileira das Indústrias de Pescados, a interrupção nas exportações pode gerar uma onda de falências, pois o Brasil é altamente dependente dos Estados Unidos e não há alternativas viáveis de mercado.
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